Apresentação do Restaurante Pedagógico Professor Mário Vaz
Na alma do Douro, Património da Humanidade, encontra-se a discreta, mas briosa, vila de Alijó. Abastada em imemoriais vestígios históricos e farta em prodigiosos frutos da natureza, Alijó acolhe no seu regaço gente que desde a nascença se envolve na paisagem e a regenera em sabores e aromas que atraem todas as gentes do mundo. Este colo fértil, que se estende desde a serra até ao doirado rio, para a sua sobrevivência, depende dos seus filhos, que em criança são estimulados a lidarem a terra, vendo nela a sua garantia de futuro. É a extraordinária manutenção da paisagem que, a par com o precioso néctar, contribuem para a afluência de milhares de turistas, anualmente, à região.
Neste contexto de riqueza rural inscreve-se o Agrupamento de Escolas D. Sancho II, Alijó (AEA), com cerca de novecentos alunos, distribuídos pelos diversos ciclos de ensino, que à semelhança do seu patrono tem como principal desiderato aforar as gentes do concelho, dotando-as de autonomia de conhecimento para o alcance de novos níveis de entendimento pessoais e coletivos.
Consciente dos constrangimentos da interioridade e ruralidade, procurando alargar a oferta de ensino, o AEA, há mais de uma década, dispõe de cursos profissionais, desenhados para o desenvolvimento de um currículo mais prático e atrativo, para os jovens que anseiam antecipar a sua atuação profissional.
Aqui o turismo é encarado como uma solução profissional, comprovada pelas dezenas de alunos que optaram pelos Cursos Profissionais e Cursos de Educação e Formação relacionados com a atividade turística/hoteleira.
Nestes cursos o ensino/aprendizagem não se restringe à sala de aula, e a escola não é um espaço fechado/isolado, mas um universo de pontes de contacto com as instituições e comunidades locais.
Focado nos desafios educativos que se impunham, rentabilizando um espaço inutilizado que integrava o recinto da escola sede, o AEA apostou em criar uma valência vocacionada para um espaço de desenvolvimento de aulas práticas e acolhimento de iniciativas na comunidade, de forma a colocar os alunos em contexto real de trabalho.
Numa sã dinâmica entre as turmas do Curso Técnico de Turismo e do curso CEF de Restaurante/Bar, desde 2017, paulatinamente, foi-se requalificando um espaço bufete que se encontrava desativado há alguns anos, dotando-o de condições para a realização de atividades práticas, intrinsecamente ligadas à área formativa dos cursos. No recinto exterior, num canteiro com 15m2, também com o entusiasmo e envolvimento dos alunos da Educação Inclusiva foi instalada uma horta biológica e pedagógica, cujo propósito consistia em promover aprendizagens estimulantes sobre os produtos endógenos locais e seu ciclo, desde a sementeira à colheita, obrigando à manutenção diária, para o fornecimento de ervas aromáticas e legumes à cozinha, para confeção e serviço de iguarias, em iniciativas agendadas. Durante o ano letivo é da competência das turmas e docentes envolvidos a manutenção da horta e a garantia da recolha dos alimentos da terra para o prato.
Após dois anos letivos de atividade, em finais de 2019 e com o apoio do POCH, o Restaurante Pedagógico foi inaugurado, apresentando-se completamente remodelado e equipado para acolher iniciativas relacionadas com a atividade turística e hoteleira.
De ideia/ação espontânea, surgiu um projeto estruturado, inovador, agregando valor, respondendo a uma necessidade do sistema de ensino turístico, pela criação de metodologias de ensino prático, cujo modelo pode ser adotado por outras instituições. O impacto verificou-se nos resultados dos alunos, na criação de melhores relações entre os docentes e os mesmos, ligados intrinsecamente pelos objetivos comuns e coerência do projeto, e pela abrangência das iniciativas e parcerias estabelecidas entre escola/comunidade/instituições públicas e privadas, até mesmo com a criação de novas iguarias com produtos endógenos, dando resposta a necessidades locais de oferta.
Ao projeto educativo do AEA, foi escolhido como patrono do Restaurante Pedagógico, o Professor Mário Vaz, então Diretor do agrupamento, pedra fundamental na defesa da essência do projeto.